segunda-feira, 25 de janeiro de 2016

UM BALANÇO HISTÓRICO


Se estou decepcionado ? Apenas relativamente. Tive esperança que o Nóvoa e alguns dos demais forçassem o candidato da Direita à segunda volta. Mas nunca tive a certeza bem enraizada de um resultado feliz para a Esquerda. 
E isto porquê ? Porque, sendo um "aprendiz de historiador", sempre me dei conta que a população portuguesa é uma população sociologicamente afecta às teses da conservação social. 
Quando se implantou a Liberdade em Portugal, nos idos de 1820, confrontaram-se dois partidos liberais : um, o Cartista, profundamente conservador ; outro, o Vintista - que depois originou o Setembrismo- , de teor radical. O Vintismo radical, em tempo de governação, talvez tenha governado a vigésima parte do tempo em que governou o partido liberal conservador. E o chamado Povo sofria - oh, se sofria! Era analfabeto, maltratado, crivado de impostos, mas subserviente. E nunca teve o assomo suficiente para "a energia dum coice" ( relembrando aqui o Junqueiro). 

Quando se criaram o Partido Socialista ( em 1875) e o Partido Republicano (entre 1876 e 1883) , até as elites "pensantes" preferiram o republicanismo ao socialismo... 
E a vitória do republicanismo na Rotunda, sobre as forças realengas da Monarquia Constitucional, verifica-se por um primeiro gesto, quase suicidário, de Machado Santos. A população portuguesa, nessa altura, não era republicana. Era dormente e conformada. A República deu um safanão. Mas o único republicanismo de jeito - o de Afonso Costa - foi logo duramente atacado pelos republicanismos de António José de Almeida e de Brito Camacho, versões muito mais conservadoras do que o dos "afonsistas". Ainda hoje, para certos "pensantes", Afonso Costa é mostrado como a prefiguração do Diabo. 
E - aqui para nós - o 25 de Abril não foi feito pelo Povo. Foi feito por uns tantos Capitães, fartinhos de guerra. O Povo veio depois, gritar o "vivório" e "fazer a festa". 
E como "o Povo é quem mais ordena" (digamos, "meio-povo" , atendendo à abstenção), este Povo votante quis, preferiu, "sintonizou" Marcelo. 
EM CONSONÃNCIA CLARA COM AQUELA QUE FOI E CONTINUA A SER A MAIORIA IDEOLÓGICA DESTE PAÍS. Desde o princípio da fórmula demo-liberal sempre foi assim. SEMPRE! 
Por isso, quem prefere outros caminhos, terá muito a fazer. Muito a insistir. Muito a encaixar decepções. Muito a ensinar. E a ensinar maus alunos ... 
Se tiver pachorra para tanto. Eu vou ver se não a perco ...

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